sábado, 25 de janeiro de 2014

Praxes

    Neste inverno o mar fez mais cinco vítimas, ao que parece, enquanto faziam um ritual de praxe...
 
    Eu pessoalmente nunca fui à praxe, tinha as minhas razões, mas nunca tive nada contra, aliás muitos dos meus amigos da FEP frequentavam-na assiduamente e nesse aspeto não tenho nada a dizer em relação ao relacionamento entre pessoas pró-praxe e aqueles que não iam, pelo menos na FEP. Sou até a favor dos princípios por detrás da praxe, como seja a camaradagem e espírito de grupo. Muitas pessoas movem-se para uma cidade completamente diferente para irem tirar um curso superior, não conhecem ninguém, e a praxe com certeza facilita muito a criação desse networking e a partilha de experiências. Sou também adepto de uma praxe onde esteja presente o espírito de sacrifício (estilo militar), pois é em momentos "difíceis" que as pessoas criam laços mais fortes, a entoação de cânticos (não insultuosos, sempre para enaltecer a própria faculdade), etc.
    Dentro destes princípios há liberdade para se fazer muita coisa e obviamente que cabe a cada um de nós saber tomar as decisões certas e onde estão as linhas vermelhas...
 
    É sempre triste quando alguém morre, mas mais triste é quando se sabe que poderia ter sido evitado. De qualquer das formas não estou aqui para censurar nem julgar ninguém, de certeza que quem sobreviveu não tinha obviamente intenção de matar. Os acidentes acontecem, por isso é que se chamam acidentes. Agora, acho que estes episódios deveriam servir pelo menos para refletirem sobre determinados rituais. Andarem com pedras nos pés é esquisito mas até se compreende, agora à beira do mar!? Ainda por cima de noite!? Não dá para entender.
    Fonte: http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3648828
 
    Que este episódio sirva também de aviso para os próprios caloiros, bem sei que no meio do grupo é difícil dizer que não, mas vejam lá naquilo que se metem...

    Quanto à eventual justiça, do meu ponto de vista, deve ser para prevenir que futuros episódios venham a acontecer, seja pela mão da mesma pessoa ou por outras. Não acho que "eye-for-an-eye" deva servir de exemplo no plano coletivo pelo menos. Acho portanto que a justiça deve ter como objetivo a reabilitação de quem não respeita a liberdade dos outros, não como um castigo. O que aconteceu já ninguém pode mudar, racionalmente só importa o futuro. Claro que no plano individual, quando há muita emoção à mistura é difícil, senão mesmo impossível ter este distanciamento, mas como sociedade penso que este não é o caminho.
    Especificamente quanto ao rapaz prefiro nem sequer me pronunciar, visto que não o conheço. O que posso dizer é que acho que a justiça deve ser orientada para a reabilitação e indemnização por eventuais danos, físicos ou psicológicos, e não punitiva.

    Resumindo, praxes sim, praxes duras sim, praxes com rituais do século X antes de cristo, ao ponto de pôr em risco a integridade física das pessoas não pff.
   

  
   

Sem comentários:

Enviar um comentário